domingo, 25 de julho de 2010

Redenção sob a neblina

O garoto olhou para seu braço esquerdo e pode ver as minúsculas gotas de água que se sustentavam no ar emaranharem-se entre a penugem que recobre seus braços, elas o tocavam com uma suavidade insustentável e ele as admirou sob a pouca luz. E ele se encantou com o feérico espetáculo. Retomou sua caminhada, e ela era leve, firmou seu passo e o chão era macio, e o passo seguinte não desmentiu o primeiro, tampouco o fez o terceiro.


Olhou para o alto e viu os ipês amarelos em flor, o amarelo vivo e radiante como o sol lumiava dentro da neblina – fonte das minúsculas gotas, fontes do espetáculo -, em torno das pencas amarelas de flores havia halos, halos amarelos em um fundo cinza de uma nuvem que voa raso. E nos ipês não havia verde, pois no outono o ipê perde as folhas e acumula forças e matizes para explodir em flor e cor no inverno, e mesmo os liquens sobre os seus troncos que se ramificam em galhos, que se ramificam em galhos menores, imitando a fórmula do tronco, segurando em suas pontas versões menores de si mesmos; e mesmo os liquens eram vivo vermelho brasil em cor.

E ele caminhou por entre as cruzes, e já não havia espadas.

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