About Trustfulness*
*Sobre a Confiança
Confiança... Qual será a conjunção de eventos que leva a ela?Qual será a combinação mágica que nos leva ao estado, ao ponto de confiar cegamente em alguém?A receita alquímica que transmutará a desconfiança preexistente em confiança?
O estado de confiar aguça mais minha curiosidade do que o estado de amar.Por ser mais sensível, mais cálido, frágil e principalmente por não poder ser retomado uma vez que se caia na desgraça de destrui-la - termo ideal, aliás, porque nada no mundo há de reconstitui-la.
Já o estado de amar tão citado como complexo e inexplicável... é como a planta que cresce entre os parelelepípedos das antigas ruas que eram construídas com estes... passava carro sobre ela, pisava-se nela, maltratava-se a ela com todo o descaso para obtenção do mais degradante prazer sádico ao ver sua seiva se esvair, era afogada por chuvas, esturricada pelo mesmo sol de todo dia, imundiçada pelo óleo de freio, até que todas sua folhas tivessem se perdido... E quando mal havia raíz, eis que, novamente, lá estava ela a brotar. Assim é o amor, faça o que quiser com o amor ele crescerá novamente.
Já a confiança é um tanto mais nobre e esnobe.
Faça pouco caso dela... será como se nunca houvesse existido!Peça a ela para voltar... uma resposta muito mal-criada há de chegar aos teus ouvidos!E quando pensar-se com toda segurança, com a inabalável fé -Sim! Ela voltou eu a domei uma vez mais!-, ela se provará, com a frieza calculista do açougueiro que distrincha os cadáveres para serem vendidos como obejto qualquer, impiedosa e implacável, e fará pouco daquele que a tomou por qualquer.
Mas este já é o triste fim... Quanto ao começo ela, a Confiança, é tímida, recatada... mal dá o ar da graça.Faz-se necessário muito rodeios, um investimento de forças, emoções e atitudes extênuantes. Afinal quem dentre os seres humanos concede algum valor ao que vem fácil? Quem!? Quem!!?
Num primeiro momento conta-se o banal, aquilo que já caiu em cada ouvido que teve paciência para ouvir, ou que não teve como fugir às palavras que a ele eram dirigidas (pobre coitado).
Depois conta-se o banal acrescido de algo mais que não deixa de configurar-se como banal, mas é um banal que por parecer pomposo e auxiliado por alguma dramaticidade durante o proferir das palavras... Parece um algo mais do que um simples agrupamento de palavras que não carrega nada de interessante de fato.
Agora vêm aqueles eventos situações particulares que embora casuais e já compartilhado com diversas pessoas não consegue-se contar a qualquer hora e em qualquer lugar.. mas, como é algo por que todos passam (a grande maioria ao menos), Pra que perder tempo com isso? Confiança despendendo atenção a isto... Não, né...
A fase das idéias e filosofias... aqui abre-se um pouco mais para os ouvidos de um público que já torna-se levemente selecionado. Aqui tem-se uma vislumbrar de algo ainda bem escondido, aqui a Confiança pode ser despertada para características que a farão prestar atenção nos próximos níveis ou descartar por completo e taxar por Inconfiável, ou indgino o interlocutor.
Trocar figurinhas! A parte mais divertida!!!!! Adoro essa!!!!Bem, aqui já se tem uma visão geral razoável. E já sabe-se de muitos itens em comum. Então estes itens que podem ser histórias semelhantes, assuntos em comum, filosofias, pessoas, esportes, vivências, relacionamentos... Já foram muito bem discutidos anteriormente e debatidos, então passasse-se a tratar das particularidades destes itens (assuntos) em comum, o que leva a momentos reveladores, confidências que ainda não são comprometedoras de modo algum, mas que não seriam possíveis caso a Confiança não houvesse prestado o Primeiro Voto de Confiança.
Pequenas confidências não comprometedoras ganham corpo e detalhes - sórdidos até, porquê não? - Mas, ainda assim estas confidências tem uam certa carcterística... Ainda que sejam publicadas na net ou compartilhadas no boca a boca não causariam transtorno, talvez algum desconforto... E uma sensação de orgulho ferido para a nobre/esnobe.
Este último nível pode prolongar-se por uma quantidade de tempo e tanto - Oh My - e muda de intensidade ao sabor do vento e das palavras carregadas por ele. E, por quê não dizer caracteres em tempos de MSN, orkut , Blogs e semelhantes...Aqui a confiança estará com seus sentidos aguçados, medirá cada palavra, cada emoção transmitida, o gesto mais bem disfarçado, o olhar incriminador que não se pôde evitar, e porá a prova sutilmente, ondulação da voz e silêncio. Assim como cada palavra escrita e combinações da mesma, pontuação e ausências desta, carinhas e emoticons.
Chega-se então ao estado de confiar - Sim, a nobre/esnobe cedeu. Nem ela quer terminar só afinal.Este é o grande perigo, pois daqui em diante... após ceder... ela só fará ceder e ceder desapegadamente, cada vez mais.Abrirá o coração de quem a carrega, assim como seu passado, seu presente e suas expectativas para o futuro. Subverterá a razão, nem mesmo a intuição poderá com ela. Ela sabe que um dia se arrependerá, mas prossegue como se o mundo fosse ideal e não houvessem falhas. Ela sabe que um dia será traída, mas prossegue como se não houvesse infidelidade.
O triste fim chega... Ela esbravejará contraditoriamente que sabia que isto aconteceria, e que sabia que isto jamais aconteceria.
A Confiança então estará posta diante de quem a traiu ao alcance de um pensamento e intocável, impalpável.
Um dia ela fingirá que você a retomou se o rancor for maior do que sua capacidade de se desligar deste rancor, ela lhe mostrará tudo de bom que lhe ofereceu, fará você acreditar que a tem de volta. Quando você acreditar. Ela mostrará que você a perdeu. E você saberá tudo o que perdeu, mesmo que ela lhe tenha feito lembrar de apenas uma ínfima parte disto.
O triste fim.
